Repetir os mesmos erros de 2013 pode custar muito caro

Por André Abreu*
As lutas em defesa da democracia e antifascista têm impulsionado um movimento amplo e heterogêneo. Influenciadas, até certo ponto, pela rebelião antirracista nos EUA, revoltas começam a surgir com uma dose de espontaneísmo.
A revolta contra as opressões estruturais do capitalismo é legítima e inevitável. Mas há que se ter cuidado. Movimentos demasiadamente espontâneos e difusos saem do controle. Esse tipo de eclosão, somada a uma boa dose de anti-política, deu início ao processo do qual o próprio Bolsonaro é resultado. O movimento de 2014 na Ucrânia também começou heterogêneo e difuso. O euromaidan[i] acabou dando origem a uma ditadura neonazista.
O desafio é organizar um movimento mais amplo do que a esquerda sem que o mesmo resulte no rebaixamento das nossas bandeiras.
O Fora Bolsonaro não pode virar uma nova versão de 2013, com pautas diluídas e um quebra-quebra sem objetivo. Se isso acontecer, Bolsonaro utilizará essa onda de caos em benefício de seu projeto golpista.
Repetir os mesmos erros de 2013 pode custar muito caro.
[i]euromaidan foi uma onda de manifestações nacionalistas e de agitação civil em andamento na Ucrânia, que começou na noite de 21 de novembro de 2013, com protestos públicos exigindo uma maior integração europeia.*André Abreu é professor de Geografia e pesquisador da UFF